terça-feira, 28 de agosto de 2012

Roda de leitura


A leitura entra na roda realiza encontro na Biblioteca Pública do Espírito Santo.

Eu e Bebu na hora neutra da madrugada de Rubem Braga

Leitor-guia: Santinho Souza
29 de agosto, quarta-feira, às 19h
Biblioteca Pública do Espírito Santo
Av. João Batista Parra, 165
Praia do Suá - Vitória


Não dou conta de outro modo senão reafirmar o que sempre disseram e continuam a dizer de Rubem Braga: um cronista de mancheia. Suas crônicas não envelhecem, porque sempre retardam o esquecimento do que foi e provocam um encontro com o que pode ser. Estão nelas frestas de um dia a dia em que ora essas gargalham, ora se fazem fantasmas, ora madrugam, ora estão ensolaradas.
A propósito das crônicas que madrugam e, por isso, têm como ponto de encontro a hora neutra, vinha lendo numa viagem ao interior daqui, de meu  Espírito Santo – sou do mesmo estado dos Braga, para não dizer que os Braga é que são do meu –, quando a luz que iluminava minha poltrona se foi. Era sábado, não o da crônica, mas era um dia de noite fechada, que me fez confirmar que “às escuras, todos os gatos são pardos”, e o ônibus rolava estrada acima. Fui interrompido no ponto em que Bebu e Rubem (não o Braga, mas o Rubem interlocutor de Bebu) estavam conversando sobre a importância de Deus: “– Não amole. Você sabe a minha história. Fiz uma revolução contra Deus. Perdi, fui vencido, fui exilado; nunca tive nem implorei anistia. Deus me venceu para todos os séculos, para a eternidade. É o prefeito eterno, ninguém pode fazer nada. Agora [...]” Só vi a vírgula, nada mais.
Acabei de ler a crônica num outro momento. Eu e Bebu na hora neutra da madrugada - Julho, 1933 compõe o livro O pé de milho.
Se quiser saber um pouco mais de Rubem Braga, ande com ele pelo que escreveu: 200 crônicas escolhidas (Record, 2005) é um bom começo. Pode ser também por aqui ou por aqui. Ainda outro aqui.
Santinho Souza         

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